Chegou dezembro e o frenesi geral de que o ano passou muito rápido toma conta do ar, assim como as decorações de Natal e os pisca-piscas nas praças das nossas cidades. Junto com a sensação de que o tempo passou rápido demais e não conseguimos fazer tudo o que queríamos em 2023 vem a frustração maior de perceber que muitas coisas ainda precisam de mais tempo para se modificarem. No estilo de vida difundido em nossa sociedade, onde tempo é dinheiro, existe uma métrica definida de sucesso de acordo com a idade que você tem. A insatisfação e o vazio podem ser mais comuns do que queríamos, ligados a elas há vários transtornos mentais, como a depressão ou transtornos de ansiedade, e outras doenças psicossomáticas (onde nosso estado mental afeta diretamente a saúde do nosso corpo). De forma que os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população.
É fácil se tornar uma pessoa ansiosa quando vivemos os efeitos de uma Pandemia que matou milhares de brasileiros e brasileiras, sofremos o efeito de uma política econômica néo liberal, que impõe a milhares de pessoas uma vida em situação de insegurança alimentar. Por isso não individualize o fato de que suas metas feitas no início do ano não foram atingidas ou que seu estilo de vida não condiz com o imaginário coletivo de sucesso. Vivemos em um momento do mundo em que a simples possibilidade de estar vivo e tendo as necessidades básicas atendidas é um privilégio de poucos.Por isso, quando for avaliar o ano de 2023 e projetar sua vida para 2024, tenha em mente que não somos empresas que precisam incessantemente atingir metas e acumular dinheiro. Cultive o sentimento de suficiência diante das suas conquistas, não encare cada meta atingida como só mais uma coisa que precisa ser superada por uma meta ainda maior. Sua vida não é uma empresa que precisa dar lucro, afinal como diz Ailton Krenak se lembre de que a “vida não é útil”. Nós seres humanos existimos para viver e (quem sabe um dia) conseguiremos viver uma vida plena, onde as nossas necessidades básicas de comer, viver e morar serão atendidas. BOAS FESTAS e um feliz ANO NOVO. Escrito por; Cristina Sturmer dos Santos, militante do Setor de Produção do MST, Economista e assentada no Assentamento Santa Maria em Paranacity. Foto; Dandara Sturmer dos Santos